A equipa do Arquivo.pt encontra-se em Coimbra, nos dias 6 de 7 de maio para promover a preservação da Internet portuguesa, pois a divulgação e a promoção constituem uma vertente importante da sua missão.
Na quarta-feira, dia 7, às 14h30, o Arquivo.pt participa no encontro promovido pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra: Preservação digital: ferramentas e práticas (Anfiteatro III, Piso 4).
Mão na massa para arquivar a Web
Nesta sessão mostramos como gravar páginas web em formato normalizado utilizando o seu próprio computador. Para quem precisa de guardar cópias de alta qualidade de websites esta sessão é um grande passo. Os participantes serão desafiados a gravar páginas estáticas e outras com conteúdos interativos, vídeos e redes sociais. A partir das questões que surgirem durante os exercícios práticos, esclarecemos dúvidas e mostraremos que arquivar conteúdos Web é muito fácil.
Usamos a extensão ArchiveWeb.page, ferramenta do Webercorder.net, que os participantes podem obter gratuitamente e instalar nos próprios computadores.
Se é informático ou utilizador avançado de IT
Para quem tem a expectativa e a necessidade de gravar sites inteiros automaticamente, faremos uma breve referência ao Browsertrix-crawler, uma ferramenta avançada que corre num Docker, em Linux. Informáticos e utilizadores avançados de IT todos são convidados a tentar a gravação e arquivo de Websites.
As demonstrações e exercícios que propomos usando o ArchiveWeb.page ou Browsertrix-crawler aplicam-se também a casos de uso avançado e respondem a necessidades de arquivo da Web no dia-a-dia das organizações.
A natureza interligada da World Wide Web há muito que fascina investigadores e tecnólogos. Hoje, temos o prazer de anunciar o lançamento do conjunto de dados Arquivo.pt Links Dataset, uma coleção abrangente que abre novas possibilidades para a compreensão e análise dos padrões de conetividade da Web.
O conjunto de dados engloba mais de 139 milhões de URLs de páginas Web, cada um acompanhado de metadados cruciais sobre as suas ligações de entrada – tanto os URLs de origem como os textos-âncora correspondentes, isto é, o texto visível e clicável nas hiperligações. Esta rica coleção de dados de interligação fornece aos investigadores uma janela única para a estrutura subjacente da Web.
A importância das hiperligações na arquitetura da Web não pode ser sobrestimada. Servem como blocos de construção fundamentais da navegação e descoberta na Web, permitindo aos utilizadores e aos sistemas automatizados percorrer a vasta paisagem de conteúdos em linha.
As hiperligações formaram a base do revolucionário algoritmo PageRank da Google, que transformou a nossa abordagem à recuperação de informações e à pesquisa na Web. A ideia fundamental do PageRank – que a importância de uma página podia ser medida através da análise das suas hiperligações de entrada – revolucionou a tecnologia de pesquisa e continua a ter influência nos sistemas modernos de recuperação de informações.
Ao disponibilizar publicamente este conjunto de dados, o Arquivo.pt permite aos investigadores explorar abordagens inovadoras semelhantes à análise da Web e ao desenvolvimento de motores de busca. O conjunto de dados abre inúmeras possibilidades de investigação em vários domínios:
Os investigadores podem implementar e experimentar vários algoritmos de classificação, desde abordagens clássicas como o PageRank até técnicas modernas baseadas na aprendizagem automática. A inclusão de textos âncora – o texto visível e clicável nas hiperligações – fornece um contexto semântico valioso que pode melhorar a relevância da pesquisa e a classificação dos documentos.
O conjunto de dados permite uma análise profunda da topologia da Web e das estruturas de ligações. Os investigadores podem investigar questões sobre os padrões de conetividade da Web, identificar grupos de conteúdos relacionados e estudar a forma como a informação se espalha pela Web através de redes de ligações.
O texto âncora associado a cada hiperligação oferece uma fonte rica de descrições do conteúdo da Web geradas por humanos. Estes dados podem ser particularmente valiosos para desenvolver e testar algoritmos de resumo de documentos, ferramentas de análise semântica e sistemas de classificação automática.
Para os investigadores de arquivo da Web, este conjunto de dados fornece informações sobre a forma como as páginas da Web são ligadas e referenciadas ao longo do tempo, oferecendo dados valiosos para o estudo de estratégias de preservação da Web e de manutenção do património digital.
Metodologia
O processo começa com um instantâneo temporal de páginas Web de um período de tempo específico (recolha). Durante esta fase inicial, os nossos sistemas analisam cada página capturada, extraindo todas as hiperligações de saída juntamente com os respetivos textos âncora e carimbos de data/hora de captura. Isto cria um mapeamento preliminar de como as páginas se ligam umas às outras dentro do período de tempo capturado.
O que torna este conjunto de dados particularmente valioso é a sua estrutura de links invertida. Em vez de organizar os dados em torno das páginas de origem e dos seus links de saída, criámos um mapa invertido que se centra nas páginas de destino e nos seus links de entrada. Essa abordagem é particularmente útil para analisar a importância ou a autoridade de uma página na estrutura da Web, pois fornece acesso imediato a todas as páginas que fazem referência ou apontam para um determinado URL.
Considere-se uma estrutura de ligações tradicional em que a Página A liga às Páginas B, C e D. Na nossa estrutura invertida, vemos entradas para as Páginas B, C e D, cada uma listando a Página A como uma fonte de ligações de entrada. Esta reorganização dos dados facilita uma análise mais eficiente da autoridade e influência da página, tornando-a particularmente valiosa para investigadores que trabalham em algoritmos de classificação ou que estudam padrões de fluxo de informação na Web.
O conjunto de dados de links do Arquivo.pt combina três colecões web distintas:
PWA9609 (1996-2009): 89 milhões de páginas que captam a evolução inicial da Internet, centradas no domínio .pt. Esta coleção histórica fornece informações sobre os primeiros padrões de ligação na Web.
AWP38 (Out-Nov 2021): 44 milhões de páginas que oferecem um retrato contemporâneo da conetividade da Web, com ênfase no domínio .pt, mas incluindo conteúdos mais vastos da Internet.
FAWP47 (Out-Dez 2021): 8 milhões de páginas de capturas diárias de conteúdo do domínio .pt, concebidas para acompanhar as alterações de curto prazo nos padrões de ligação.
Como começar a utilizar o conjunto de dados
Os investigadores podem aceder ao conjunto completo de dados. Os dados são fornecidos num formato que permite um processamento e análise eficientes, tornando-os adequados tanto para estudos em grande escala como para investigações específicas.
O lançamento do conjunto de dados de links do Arquivo.pt representa uma contribuição significativa para a comunidade de investigação científica da Web. Ao disponibilizar gratuitamente esta rica coleção de dados de conetividade da Web, esperamos facilitar a investigação inovadora e aprofundar a nossa compreensão da complexa estrutura da Web.
Encorajamos os investigadores a explorar este conjunto de dados e esperamos ver as novas perspetivas e aplicações que emergem da sua análise. Quer esteja interessado em desenvolver novos algoritmos de pesquisa, estudar a topologia da Web ou investigar relações de conteúdo, este conjunto de dados fornece uma base sólida para a sua investigação.
A Biblioteca Nacional da Noruega foi a instituição de acolhimento deste evento internacional. O Arquivo da Web da Noruega é parte da missão da Biblioteca e é realizado numa segunda localização especializada em preservação digital, na cidade de Mo i Rana, no centro do país.
O IIPC WAC, o maior no domínio da preservação da Internet, foi como sempre uma ocasião excecional para a partilha de conhecimento e para o fortalecimento de colaboração entre os arquivos da Web.
O primeiro dia, 8 de abril, foi dedicado à Assembleia Geral, exclusivo para os membros do consórcio, e aos grupos de trabalho onde o Arquivo.pt tem um papel ativo. O Content Working Group é dedicado à criação de coleções temáticas e tem a participação do Arquivo,pt na coleção “Street Art”. O Training Working Group cria conteúdos formativos e ações de formação, tais como webinars do IIPC e workshops presenciais.
Nos dias 9 e 10 de abril realizou-se a Web Archiving Conference, evento que é aberto a todas as entidades e iniciativas relacionadas com a preservação e arquivo da Web.
Contributo do Arquivo.pt
O Arquivo.pt apresentou os seus serviços e iniciativas de interação com a comunidade, como por exemplo a colaboração com o Arquivo Municipal de Sines na preservação de conteúdos de interesse local. A preocupação com o acesso aos conteúdos, tanto para os investigadores como para os cidadãos em geral, é um aspeto muito apreciado pela comunidade do IIPC.
Arquivo.pt toolkit for web archiving – Lightning talk session 1 – Daniel Gomes – Slides
Collaborative collections at Arquivo.pt: four years of recordings from the city of Sines (Portugal) – Lightning talk session 4 – Ricardo Basílio – Slides, notas
API/Bulk access and its usage – Poster slam – Vasco Rato – Poster
Arquivo.pt annual awards: a glimpse since 2018 – Poster slam – Daniel Gomes – Slides
Este Ciclo de Webinars, dedicado à preservação da memória cultural publicada na Web, é uma colaboração entre a APDSI e o Arquivo.pt, FCCN serviços digitais da Fundação para a Ciência e a Tecnologia I.P..
Luís Vidigal, Sócio Fundador da APDSI, Filipa Fixe e João Tavares, Vogais da Direção, introduziram o tema de cada sessão e a equipa do Arquivo.pt mostrou como funciona a preservação de conteúdos Web que permite às organizações e aos cidadãos acederem à web do passado.
As quatro sessões tiveram um total de 121 participantes.
Programa
Webinar 1 – 20 de março – Arquivo.pt: uma nova ferramenta para pesquisar o
passado. Daniel Gomes, Gestor do Arquivo.pt – Vídeo, slides
Webinar 2 – 25 de março – Bem publicar para bem preservar. Pedro Gomes,
Encarregado pelas recolhas do Arquivo.pt – Vídeo, slides
Webinar 3 – 27 de março – Acesso e processamento automático de informação
preservada da Web através de APIs. Vasco Rato, Web developer do Arquivo.pt – Vídeo, slides
Webinar 4 – 1 de abril – Arquivar a Web: faça-você-mesmo!. Ricardo Basílio, Vídeo, slides
Curador digital do Arquivo.pt
Última atualização em 11 de Março de 2025 às 16:21
Professor Doutor José Borbinha, workshop eArchiving, a 25 de Fevereiro de 2025, no Instituto Superior Técnico em Lisboa (Sala José Tribolet)
O Arquivo.pt participou no workshop eArchiving Portugal , que se realizou no Instituto Superior Técnico, no dia 25 de fevereiro de 2025, a convite do Professor Doutor José Borbinha, uma das primeiras pessoas a fazer arquivo da web em Portugal quando, na década de 1990, estava na Biblioteca Nacional.
O Professor José Borbinha, melhor que ninguém, sabe contar na primeira pessoa os pequenos episódios, quase épicos, as ações dos primeiros “heróis” que levaram à criação de um arquivo da Web em Portugal. Vê o Arquivo.pt como um serviço imprescindível quando se fala de preservação digital e de salvaguarda do património comunicacional das organizações.
O evento teve um formato hibrido com 50 participantes presencias e 270 online e foi aberto a todas as entidades públicas ou privadas com preocupações ao nível da preservação digital e gestão da informação em qualquer tipo ou formato. Aqui se incluem os conteúdos dos websites e redes sociais!
Os responsáveis dos Municípios, entidades da Administração Local, tiveram uma grande participação, respondendo ao apelo da Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB). Este convite à participação de pessoas de todo o país foi uma oportunidade para o Arquivo.pt mostrar como pode ajudar na preservação dos sites institucionais e no cumprimento da Portaria n.º 112/2023, de 27 de abril.
eArchiving, uma iniciativa europeia nascida em Portugal
“Foi precisamente nesta (sala José Tribolet no Instituto Superior Técnico) que teve início o eArchiving há onze atrás, a 29 de maio de 2014” recordou José Borbinha (INESC-ID), anfitrião e organizador do workshop.
Janet Anderson, gestora do eArchiving, mostrou os progressos alcançados em onze anos no domínio da preservação digital. Os projetos financiados pela União Europeia no âmbito do consórcio resultaram no desenvolvimento de especificações, software, formação e conhecimento sobre preservação digital.
Seguiu-se a apresentação de contributos para a preservação digital em Portugal: DGLAB, por Pedro Penteado, Centro Hospitalar São João, por Fernanda Gonçalves, Ministério da Justiça, por Alexandra Lourenço e Cristina Soares, Arquivo.pt, pelo curador digital Ricardo Basílio.
Para terminar, Miguel Ferreira fez a sua intervenção em representação do DLM Forum MTÜ, comunidade onde a KEEP Solutions LDA participa com o desenvolvimento de software. Numa abordagem mais técnica mostrou como estão estruturados os metadados na especificação de empacotamento E-Ark de modo a cumprirem os requisitos da preservação digital.
Como usar o Arquivo.pt para preservação os websites institucionais
Apresentação do Arquivo.pt no Workshop eArchiving por Ricardo Basílio, curador digital. Foto por Pedro Penteado
A preservação digital exige colaboração, tanto ao nível interno como externo entre organizações, e este workshop serviu esse propósito, pois foi ocasião para partilha de boas práticas, divulgação de ferramentas e serviços e contacto entre pessoas.
Da parte do Arquivo.pt destacou-se três serviços do seu catálogo para a preservação dos conteúdos publicados na web:
Os serviços do Arquivo.pt podem ser utilizados, por exemplo, pelos Municípios para a preservação dos conteúdos publicados nos websites institucionais.
A formação do Arquivo.pt, tais como webinars ou sessões presenciais, são úteis para dar capacidade às entidades para cuidarem dos conteúdos institucionais, incluindo os conteúdos das redes sociais que exigem uma estratégia alternativa.
O Arquivo.pt lançou uma nova versão denominada Isis, no dia 7 de janeiro de 2025.
Suporte ao Flash utilizando o emulador Ruffle
Na nova versão do Arquivo.pt, destaca-se a funcionalidade que permite agora reproduzir animações e conteúdos interativos em Flash.
A tecnologia Flash foi utilizada em websites nos primeiros anos da Web.
Porém, tornou-se obsoleta e os navegadores atuais, tais como o Google ou o Edge, deixaram de lhe dar suporte, impedindo a visualização desses conteúdos. A emulação por software é uma forma de dar acesso a conteúdos produzidos por tecnologias obsoletas.
Assim, o Arquivo.pt incluiu o Ruffle, um emulador de Flash Player que permite visualizar conteúdos em Flash, anteriormente inacessíveis ao utilizador.
Animações em Flash preservados no Arquivo.pt: antes e depois
Aceda aos sites em Flash no Arquivo.pt, antes e depois do uso do Ruffle, tendo em conta que muitos deles foram criados para serem vistos em computadores de secretária e podem ter limitações em dispositivos móveis.
Para promover a utilização do acervo do Arquivo.pt, no contexto do ensino e investigação ou no contexto profissional, quatro parceiros do prémio criaram menções honrosas com um prémio associado.
O jornal Público atribuirá uma Menção Honrosa para os trabalhos realizados com base nos conteúdos do Público online guardados no Arquivo.pt. Esta distinção inclui dois anos de assinatura do Público online.
O Aveiro Media Competence Center (AMCC) atribuirá uma Menção Honrosa ao melhor trabalho sobre o arquivo da web de um ou vários media online portugueses (500 €).
A Associação DNS.PT atribuirá uma Menção Honrosa a um professor que tenha incentivado a submissão de trabalhos (1900 € para aquisição de um computador portátil).
A Comissão Comemorativa 50 Anos 25 de Abril atribuirá uma Menção Honrosa acompanhada de um prémio de 5.000 € a um dos trabalhos submetidos que use o Arquivo.pt para tratar o tema “25 de Abril e a Democracia”.
A iniciativa conta com o Alto Patrocínio do Presidente da República Portuguesa.
Partilhe e divulgue
Ajude-nos a divulgar o Prémio Arquivo.pt 2025 por potenciais candidatos.
O Arquivo.pt foi reconhecido na categoria “Promoção da Sociedade mais Inovadora e Digital”.
Esta categoria destaca a vertente inovadora na transição digital das organizações.
O gestor do Arquivo.pt, Daniel Gomes, e o encarregado das recolhas do Arquivo.pt, Pedro Gomes, estiveram presentes na cerimónia que decorreu em Oeiras, no dia 3 de dezembro de 2024.
Arquivo.pt, um serviço para a transformação digital
Daniel Gomes, num vídeo preparado para a cerimónia de entrega de prémios, explica como um serviço de preservação da Web contribui para uma sociedade da informação mais sustentável.
O Prémio Transformação Digital (4ª edição em 2024) tem por objetivo “reconhecer e divulgar as melhores práticas de adoção e implementação das tecnologias de informação e comunicação (TIC), com vista a uma sociedade mais digital sustentada por instituições públicas e privadas mais eficiente e mais próximas do cidadão” (website da APDSI).
A edição de 2024 teve 33 candidaturas integradas em três categorias:
Eficácia/Eficiência das Organizações
Proximidade com o Cidadão e Sociedade mais inclusiva
Mensagem do Professor Doutor José Tribolet acerca do Arquivo.pt, enviada para a cerimónia de entrega de prémios:
“Um conjunto de funcionários públicos com grande visão, enorme perseverança e continuidade, dotaram o país das bases da ‘Torre do Tombo digital’ da produção em português existente que foi emergindo na Net, memória fundamental para alimentar muitas aplicações e serviços, existentes e a existir, e permitir análises e investigações relevantes para a nossa cultura e o nosso devir como portugueses.”
O objetivo desta equipa conjunta da FCT foi precisamente provocar o encontro e a partilha de experiências entre diversas instituições que têm inevitavelmente de gerir informação, quer em formatos tradicionais como o papel, quer em formatos digitais.
O encontro teve 243 participantes e 29 oradores. Nove das 27 apresentações foram submetidas para uma a sessão denominada “Espaço comunidade”.
A informação digital foi o fio condutor das intervenções. Na abertura, o Diretor da Direção Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas, Silvestre Lacerda, lembrou que a DGLAB foi pioneira entre as entidades públicas na abordagem à questão da preservação digital. O vice-presidente da FCT, Francisco Santos, sublinhou o valor económico que representam os dados para a investigação científica.
Preservação digital não se trata apenas de tecnologia, como referiu Henrique São Mamede, Professor da Universidade Aberta, INESC TEC na conferência de abertura. Trata-se também das pessoas, do fator humano, do ambiente exterior às organizações e das novas sensibilidades, como a sustentabilidade e a ecologia. Daí a importância de criar pontes, de usar por exemplo, a Inteligência Artificial articulando-a com a ética. Slides.
Ao longo do dia, quatro painéis agregaram apresentações sobre diversos contextos da preservação tais como a digitalização de som, imagem e vídeo, dados de investigação, quadros normativos, sistemas de gestão de informação digitalizada ou nascida digital, divulgação e acesso, uso na investigação académica.
Imagem e montagem: Leonor Arrimar (FCT)
Painel 1: Iniciativas e realidades de preservação digital
O primeiro painel foi moderado por João Gomes, Diretor de Serviços Avançados da FCT, e trouxe para a mesa a diversidade de contextos em que se coloca a questão da preservação e do acesso. Destaca-se, aqui, um aspeto de cada apresentação e deixa-se o convite para seguir as ligações e conhecer melhor essas iniciativas.
Moisés Rockemback, Professor da Universidade de Coimbra e co-autor do livro Arquivamento da web e preservação digital, falou das primeiras iniciativas realizadas no Brasil para preservar conteúdos publicados na Web. Os websites dos candaditatos às eleições brasileiras, por exemplo, são por natureza efémeros mas tornaram-se material para a pesquisa historiográfica ao serem preservados num arquivo da Web. Numa perspetiva mais teórica abordou a questão da memória. A preservação da web permite-nos trazer à luz acontecimentos que foram veiculados unicamente em meios digitais como a Web e, nesse sentido, adia o fim da História expresso na metáfora da “Dark Age”, tempo da escuridão, vazio de informação. Slides.
Pedro Penteado, Diretor de Serviços de Arquivística e Normalização, apresentou um conjunto de instrumentos que a DGLAB tem desenvolvido, como por exemplo a Macro Estrutura Funcional (MEF), o projeto Avaliação Suprainstitucional da Informação Arquivística (ASIA) e ainda a Lista Consolidada na Plataforma CLAV, que permite às diferentes entidades da Administração Pública cumprir a legislação e normalizar práticas de classificação e avaliação. Recordou que estes intrumentos são flexíveis para atender às especificidades das organizações. Slides.
Pedro Príncipe, Chefe da Divisão de Serviços de Documentação da Universidade do Minho, abordou os dados de investigação. A preservação e o acesso aos dados é fundamental para a produção de ciência. Para isso é necessário conjugar iniciativas e trabalhar em rede e criar comunidades de prática. O Fórum GDI é um exemplo de que o encontro entre profissionais é útil. A certificação é altamente recomendável, como o tem demonstrado a Universidade do Minho que certificou o seu repositório, pois é um motivo extra para criar robustez e para atingir os objetivos FAIR (Findable, Acessible, Interoperable, and Reusable). Slides.
Hilário Lopes, Diretor adjunto das Relações Institucionais e Arquivo da RTP, descreveu o caminho para o digital que mudou completamente a forma de acesso ao Arquivo da RTP. Se até de 2001 a digitalização se fazia a pedido, a partir desse ano os conteúdos foram massivamente digitalizados. Desde 2007, os conteúdos são acessíveis em formato digital, o que facilitou o acesso e o uso. A RTP Memória e o Portal RTP são dois exemplos de acesso ao património audiovisual da rádio e televisão pública. Slides.
Painel 2: Preservar e reutilizar a informação da Web
O tema do arquivo da Web esteve em destaque no segundo painel, moderado por Daniel Gomes, Gestor do Arquivo.pt e seu iniciador em 8 de de novembro de 2007.
António Campos e Hélder Mestre, do Arquivo da Câmara Municipal de Sines, mostraram como, desde 2020, preservam conteúdos da Web de interesse local em colaboração com o Arquivo.pt. Gravam páginas Web com o ArchiveWeb.page, ferramenta do Webrecorder, enviam uma cópia dos ficheiros para o Arquivo.pt, fazem transcrição textual de imagens e vídeos, e usam também o PDF como formato mais tradicional para arquivar notícias. A questão da acessibilidade aos conteúdos para pessoas com necessidades especiais é fundamental no processo de preservação. Slides.
António Ramiro e Carmen Fonseca, vencedores do Prémio Arquivo.pt 2024, apresentaram o seu trabalho Noticioso.pt. É um projeto que reutiliza a informação do Arquivo.pt para desafiar a capacidade crítica dos cidadãos. Slides.
Para finalizar, Daniel Gomes, destacou o muito que foi feito nos últimos 17 anos no domínio da preservação da Web, a ponto de termos atualmente um serviço funcional que toda a gente pode usar. Fomos encontrar, como testemunho desses primeiros tempos, uma página do Diário Digital, de novembro de 2006.
Painel 3: Preservar a atualidade e salvaguardar o futuro
O terceiro painel foi moderado por Paula Meireles, Coordenadora do serviço Arquivo, Documentação e Informação da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) e trouxe à mesa outras quatro realidades.
Filipe Guimarães Silva, Diretor Executivo da Fundação Mário Soares e Maria Barroso e António Coelho, Coordenador de reprodução digital, aprofundaram as questões técnicas relacionadas com a digitalização, a partir do caso do acervo, que também está acessível no portal Casa Comum. O controlo de qualidade é o fator mais importante para obter uma versão digital preservável. Nem sempre são necessárias tecnologias caras para obter bons resultados. É fundamental seguir os standards e cuidar para que sejam gerados metadados de qualidade.
Fernanda Gonçalves, Diretora do Arquivo da Unidade Local de Saúde São João, mostrou como o Repositório Clínico Digital São João está a transformar o acesso aos processos clínicos com vantagens tanto na rapidez como na qualidade da informação. O modelo de gestão da informação nesta enorme instituição traz imensos desafios para a preservação e o acesso continuado, pois trata-se criar interoperabilidade entre múltiplos sistemas. Acresce que se tratam de dados sensíveis com diferentes níveis de acesso. É aqui que surge o arquivo como uma mais valia. O serviço de arquivo deve estar à altura dos desafios em qualquer organização para servir todos os seus “clientes”.
Augusto Ribeiro, responsável pelo Serviço de Gestão da Documentação e Informação na UPdigital, Universidade do Porto, explicou como está ser feita a preservação do acervo universitário. Desde o tratamento dos documentos em papel, à sua digitalização e à inserção no repositório digital, é importante garantir a robustez. Este trabalho tem sido progressivo e sistemático, ou seja, segue um plano onde todas as peças se encaixam, à medida que o trabalho é desenvolvido.
Pedro Penteado (DGLAB) apresentou o projeto “Guía de Preservación Digital” que está a ser desenvolvido em colaboração com a Asociación Latinoamericana de Archivos (ALA). Esta iniciativa vai estruturar conteúdos sobre a preservação digital de forma pragmática. Em breve, os profissionais terão à mão uma base de conhecimento para consultar, sempre que desenvolverem atividades de preservação digital.
Painel 4: Espaço comunidade
O quarto painel, moderado por Paula Carvalho, do Arquivo de Ciência e Tecnologia da FCT, incluiu 9 apresentações breves submetidas pela comunidade. Em seguida, apresentamos os resumos enviados pelos autores:
Justiça do Futuro: + Digital – Alexandra Lourenço, Albertina Catrola, Alexandra Henriques, António Dias, Cristina Ferreira, Inês Nunes, Rute Ramos | SGMJ
Celebrando os 50 anos do 25 de Abril na sessão de encerramento
Maria Inácia Rezola, Comissária Executiva da Estrutura de Missão para as Comemorações do 50º aniversário da Revolução de 25 de Abril de 1974, apresentou uma perspetiva histórica do impacto do 25 de Abril na sociedade portuguesa, nomeadamente através da forma como este é comemorado por todo o país.
Deu a conhecer o trabalho que a Comissão Comemorativa 50 Anos 25 de Abril tem realizado para identificar arquivos, centros de documentação e acervos das mais variadas espécies com material acerca do 25 de Abril. Há acervos públicos praticamente desconhecidos, outros que se encontram-se em acervos privados. A inventariação e a divulgação é, portanto, o primeiro passo para promover o estudo e o conhecimento sobre o 25 de Abril.
Para terminar, Maria Inácia Rezola, anunciou a atribuição da Menção Honrosa “O 25 de Abril e a Democracia”, juntamente com um prémio de 5.000 euros, na edição Prémio Arquivo.pt 2025, ao melhor trabalho sobre o 25 de Abril que utilize o Arquivo.pt.
Galeria de imagens
Encontro Dia Mundial da Preservação Digital 2024 #WDPD2024
Créditos: fotografias por Leonor Arrimar (FCT). Incluídas algumas imagens de dispositivos móveis enviadas por participantes.
O Arquivo.pt arrecadou o galardão na categoria de “Melhor Projeto Digital da Administração Pública Central”.
Esta categoria reconhece, anualmente, um projeto que tenha contribuído “de forma inequívoca para o desenvolvimento do setor Público Central através do meio digital, assim como da Economia Digital em Portugal”.
O gestor do Arquivo.pt Daniel Gomes, a Coordenadora Geral Adjunta da FCCN Salomé Branco e o vice-presidente da FCT Francisco Santos estiveram presentes na cerimónia que se realizou no dia 24 de outubro no Técnico Innovation Center em Lisboa e receberam o galardão.
Arquivo.pt receives Award for Best Governmental service
Prémios Navegantes XXI
Os Prémios Navegantes XXI são uma iniciativa anual da ACEPI – Associação da Economia Digital, criada com a missão “Promover e Desenvolver a Economia Digital em Portugal”.
O concurso premia o melhor da Economia e Sociedade Digital em Portugal nas suas mais diversas vertentes. Atualmente, é composto por 20 categorias que premeiam os projetos, ideias e instituições portuguesas mais inovadoras na transformação digital. São ainda entregues 3 Prémios para Categorias Especiais extra-concurso.